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Trump intensifica deportações e redesenha políticas migratórias nos primeiros 100 dias

Editores | 07/05/2025 14:19 | POLÍTICA E ECONOMIA
IMG Gage Skidmore/The Star News Network - Gage Skidmore from Surprise, AZ, United States of America

Os primeiros 100 dias do segundo mandato de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos foram profundamente marcados por uma agenda agressiva de imigração, que transformou tanto a política quanto a prática do controle migratório no país. Logo ao reassumir o cargo, Trump assinou uma série de decretos que não apenas buscavam conter a imigração irregular, mas também afetaram os fluxos legais. Entre as ações anunciadas estavam medidas controversas, como planos para encerrar a cidadania por nascimento e enviar migrantes para uma prisão em El Salvador, que acabaram enfrentando resistências legais, mas ainda assim alteraram significativamente o sistema migratório.


Os números divulgados pelo governo impressionam: cerca de 139.000 pessoas foram deportadas nesses primeiros 100 dias, enquanto as travessias ilegais na fronteira sudoeste despencaram. Em março, foram registrados apenas 7.181 encontros de migrantes na fronteira, uma queda expressiva em relação aos mais de 137 mil do mesmo mês no ano anterior. Trump, empolgado com os resultados, declarou que pretende superar as marcas dos governos anteriores, como a de Joe Biden, que deportou 1,5 milhão de pessoas em seu primeiro mandato.


O aparato repressivo também foi ampliado. O governo informou que deteve 158.000 migrantes sem documentos nesse período inicial, incluindo mais de 2.200 supostos membros de gangues violentas como a venezuelana “Tren de Aragua e as centro-americanas “MS-13” e “Barrio 18”. O ICE, principal braço de aplicação das políticas de imigração, desempenhou papel essencial, prendendo e processando cerca de 66.000 pessoas, das quais três quartos tinham antecedentes criminais, incluindo 1.300 por crimes sexuais e quase 500 por homicídio.


Apesar desses números robustos, as ações do governo provocaram críticas severas. Juristas e organizações de direitos humanos apontaram para violações do devido processo legal e desrespeito a decisões judiciais. Um caso emblemático ocorreu quando a Suprema Corte ordenou ao governo que facilitasse o retorno de Kilmar Abrego Garcia, cidadão salvadorenho deportado ilegalmente apesar de possuir ordem judicial para permanecer nos EUA por risco de perseguição. Até o momento, tanto Trump quanto o governo de El Salvador têm ignorado a decisão.


Trump não esconde sua frustração com as limitações judiciais. Recentemente, criticou os tribunais por, segundo ele, atrapalharem o avanço das deportações, alegando que os longos processos legais transformam o país em um lugar perigoso. Para os próximos meses, a Casa Branca prometeu intensificar ainda mais a repressão: migrantes detidos devem ser enviados para a base militar de Fort Bliss, no Texas, e áreas de terra no sudoeste do país estão sendo entregues ao controle militar, transformando travessias não autorizadas em crimes federais.


Apesar da retórica grandiosa, os números até agora colocam Trump atrás dos presidentes anteriores em termos absolutos de deportações. Durante seu primeiro mandato, foram 3,13 milhões, ligeiramente abaixo dos 3,16 milhões de Obama e bem atrás dos 4,44 milhões de deportados por Biden em apenas dois anos (2021 e 2022). Ainda assim, o governo insiste que as comparações não são diretas, já que o volume de tentativas de entrada caiu consideravelmente sob suas novas políticas.

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