O apoio dos latinos a Donald Trump em estados decisivos dos Estados Unidos revela uma combinação complexa de lealdade e desconforto diante das políticas do presidente, sobretudo no que diz respeito à imigração e às deportações. Conversas realizadas em grupos focais organizados pela NBC News e parceiros acadêmicos  (Universidade de Syracuse e empresas de pesquisa Engagious e Sago) indicam que, apesar de algumas críticas, a maioria desses eleitores continua alinhada a Trump, principalmente por questões econômicas.

Os participantes dos grupos focais, que haviam contribuído para a vitória de Trump em 2024 ao impulsionar sua performance entre os latinos, relataram aprovação geral à condução do governo e ao modo como o presidente lida com a imigração ilegal. Muitos justificaram o voto com base em preocupações com a inflação e a economia, afirmando que veem Trump como um empresário capaz de recuperar o país financeiramente. Entretanto, divergências começaram a emergir quando se discutiu a política de deportações em massa. Embora predominasse o respaldo ao foco de Trump em imigração ilegal, surgiram críticas sobre a falta de distinção entre imigrantes criminosos e trabalhadores que contribuem para a sociedade. Para alguns, o presidente estaria falhando em adotar uma abordagem mais seletiva, penalizando indevidamente residentes de longa data que não possuem antecedentes criminais.

O tema das deportações expôs tensões pessoais e comunitárias. Participantes relataram o medo crescente entre imigrantes, a disseminação de alertas sobre operações do “Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA” (ICE) e a sensação de insegurança, mesmo entre cidadãos. Apesar dessas inquietações, o apoio à resposta de Trump aos protestos em Los Angeles contra as batidas migratórias foi majoritário entre os entrevistados, com muitos justificando a mobilização da Guarda Nacional como necessária para evitar desordens. Ainda assim, alguns apontaram para abusos do poder presidencial, questionando a intervenção sem a solicitação do governador.

No âmbito econômico, o sentimento predominante entre os eleitores foi de alívio e expectativa positiva. Muitos disseram ter percebido uma melhora no custo de vida ou uma redução na ansiedade em relação à economia. A imagem de Trump como gestor e empreendedor fortalece a confiança de parte do eleitorado em sua capacidade de enfrentar os desafios econômicos, embora algumas vozes tenham destacado a persistência de preços altos e o atraso em medidas concretas para conter a inflação. O comércio e as tarifas também dividiram opiniões, mas sem comprometer o apoio global ao presidente.