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Legisladores democratas exigem respostas após denúncias sobre irregularidades no DOGE

Editores | 03/05/2025 16:37 | POLÍTICA E ECONOMIA
IMG Foto: Daniel Schwen

O governo Trump vem intensificando uma política de uso de dados pessoais de imigrantes para fins de fiscalização imigratória, em uma ação coordenada que atinge diversas agências federais e gera preocupação entre especialistas, funcionários públicos e defensores dos direitos civis. Informações fornecidas voluntariamente por imigrantes ao longo dos anos, como em processos de solicitação de moradia popular ou declarações de impostos, estão sendo mobilizadas de forma inédita para localizar e, potencialmente, deportar indivíduos em situação irregular nos Estados Unidos, segundo a matéria do The Washington Post.


No centro dessa operação está o Serviço DOGE, uma estrutura interna do governo criada para promover a eficiência administrativa, mas que vem sendo acusada de ultrapassar limites legais ao acessar e compartilhar dados sensíveis. Um dos focos da ação têm sido os chamados lares de “status misto” — compostos por membros com diferentes situações legais. O Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano (HUD), por exemplo, está elaborando medidas para barrar essas famílias do acesso a moradias subsidiadas, mesmo que parte dos moradores tenha plena elegibilidade.


O esforço se estende ao uso de bases de dados da Administração da Previdência Social, onde mais de seis mil nomes de imigrantes foram inseridos em sistemas destinados à verificação de óbitos, comprometendo a capacidade dessas pessoas de acessar benefícios ou trabalhar legalmente. O Departamento do Tesouro, por sua vez, firmou acordos com o Departamento de Segurança Interna (DHS) para compartilhar dados fiscais com o objetivo de localizar milhões de imigrantes suspeitos de estarem em situação irregular.


Funcionários públicos expressaram desconforto com a forma como os dados estão sendo utilizados e relataram tentativas de mediação interna para evitar o uso indevido de informações sensíveis. Em alguns casos, como na Previdência Social, ordens judiciais foram necessárias para impedir o acesso da equipe do DOGE aos sistemas, após denúncias de uso indevido das informações.


Nesse cenário, mais de cinquenta parlamentares democratas dos Estados Unidos exigiram esclarecimentos sobre um possível vazamento de informações sensíveis envolvendo o Conselho Nacional de Relações Trabalhistas (NLRB). Em carta dirigida a William Cowen, conselheiro geral interino do órgão, os legisladores expressam preocupação com denúncias de que dados confidenciais de trabalhadores americanos podem ter sido comprometidos por ações do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), uma iniciativa vinculada ao ex-presidente Donald Trump, segundo a NPR.


A preocupação foi motivada por revelações feitas por Daniel Berulis, administrador de nuvem no setor de TI do NLRB, que afirmou à NPR ter identificado práticas alarmantes dentro da agência. Segundo ele, integrantes do DOGE teriam exigido acesso privilegiado aos sistemas do NLRB sem qualquer tipo de registro oficial, além de desativar ferramentas de auditoria e segurança digital enquanto grandes volumes de dados eram transferidos.


A gravidade da situação se intensifica diante da suspeita de que essas ações podem ter exposto investigações confidenciais, testemunhos e até informações estratégicas de empresas americanas. Berulis sugere que as práticas podem ter deixado o sistema vulnerável a ataques cibernéticos e a exploração por agentes estrangeiros.


Além dos riscos à segurança, os parlamentares levantam dúvidas sobre os motivos do DOGE para acessar os sistemas do NLRB, uma vez que a missão declarada do departamento se restringe à eficiência administrativa e à redução de gastos públicos. A carta também destaca possíveis conflitos de interesse, especialmente no que se refere à atuação do empresário Elon Musk, apontado por Trump como responsável pelo DOGE. Musk, que lidera empresas atualmente investigadas pelo NLRB, como Tesla e SpaceX, poderia se beneficiar de informações privilegiadas.


O NLRB, por sua vez, nega qualquer visita oficial do DOGE em março, bem como o fornecimento de acesso aos seus sistemas. A agência afirma ter realizado uma revisão interna após os alertas de Berulis e concluiu que não houve violação. Ainda assim, o denunciante insiste que suas evidências forenses justificam uma investigação externa mais robusta.


Esse episódio se soma a uma série de outras denúncias contra o DOGE, como as mencionadas inicialmente. Acusado de má gestão de dados em diversas instâncias do governo federal, os debates sobre transparência, segurança de dados e a politização de instituições públicas em um contexto de crescente polarização nos Estados Unidos é potencializado.

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