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“Where woke goes to die”: A Flórida de Ron DeSantis

Editores | 11/06/2023 17:11 | Artigos
IMG Autor: DonkeyHotey

No dia 17 de maio, o governador da Flórida Ron DeSantis assinou quatro leis que restringem os direitos da população LGBTQI+ no estado. Destacam-se nas novas legislações: limitação ao acesso a tratamento de saúde para pessoas transgênero; proibição da presença de menores de idade em shows drag; e restrições ao acesso de banheiros para pessoas trans.


Essas leis estão dentro de um contexto que está mudando a realidade da Flórida. Sob o governo de DeSantis, o estado está guinando cada vez mais para a direita conservadora, adotando legislações controversas sobre temáticas de diversidade e sexualidade. Ano passado, foi sancionado o projeto do governador conhecido por oponentes como “Don’t say gay”, trazendo diversas limitações à discussão sobre orientação sexual e identidade de gênero nas escolas do estado, com duras penalidades previstas aos professores caso a lei fosse desrespeitada. Vale ressaltar que a Flórida vem liderando outros estados “conservadores” a aprovarem legislações que limitam os direitos da população LGBTQI+, em especial das pessoas transexuais.  


Logo, cabe a pergunta: como isso ocorreu e quais são as consequências das políticas de Ron DeSantis tanto para a Flórida como para os Estados Unidos?


Eleito pela primeira vez em 2018, Ron DeSantis é um dos mandatários mais polêmicos da história recente americana. Com uma carreira que mescla sucessos militares e políticos, foi uma das principais vozes da campanha de Trump e do movimento conservador, sinalizando mudanças que por hora estão em curso na Flórida. Quando tomou posse em 2019, ganhou atenção nacional durante a pandemia da Covid-19, relativizando a ameaça do vírus e flexibilizando normas de distanciamento social. Posteriormente, sem embasamento, ele atribuiu que essas medidas estariam por detrás da baixa taxa de mortalidade pelo vírus e da resistência da economia da Flórida se comparado com outros estados. De acordo com o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC), as taxas de mortalidade na Flórida foram muitos superiores às dos estados liderados por democratas na costa Oeste e no Nordeste do país. Além disso, ele alegou fraudes nas eleições presidenciais de 2020, restringiu o acesso ao aborto, criou leis que censuram livros considerados “ideológicos”, proibiu o ensino da Teoria Racial Crítica e, recentemente, vem aprovando leis que limitam os direitos da população LGBTQI+.


Sob o lema de “Where woke goes to die”, DeSantis vem transformando a Flórida em um reduto de políticas conservadoras que, para outros estados do país, se mostram muito radicais. Lugares como Colorado, Maryland, Michigan e Minessota aprovaram legislações que protegem os direitos das pessoas transexuais, além de outros estados que garantem o direito ao aborto sem muitas restrições.


As políticas de DeSantis são polarizadoras. Divisão é a palavra que melhor descreve esse momento, que está atingindo grandes proporções e se tornando alvo de grandes batalhas judiciais, como a relação conturbada entre o governador e a Disney. No ano passado, a gigante do entretenimento criticou a lei que proibia o ensino de pautas sobre orientação sexual e identidade de gênero nas escolas, levando a uma batalha judicial que culminou no fim do controle da Disney sobre seu distrito especial em Orlando.


Muitos alegam que essas ações são feitas para atrair eleitores além da Flórida. Isso ocorre em razão de que o governador é cotado como um dos candidatos do partido à presidência, se situando em segundo lugar, atrás do ex-presidente Donald Trump, nas pesquisas sobre as prévias do Partido Republicano. Vale pontuar que os dois vêm se atacando nos últimos meses, ao mesmo tempo em que DeSantis viaja o país propagandeando suas ações na Flórida. Para efeito de comparação, em pesquisas recentes o governador geralmente alcança 30% das intenções de votos dos eleitores republicanos, sendo que pesquisas hipotéticas que o colocam como o candidato oficial do partido contra Joe Biden, mostram uma disputa apertada, com o governador inclusive liderandoalgumas delas.


Ou seja, a Flórida e os Estados Unidos mudaram após a eleição de DeSantis. Suas políticas conservadoras estão chamando a atenção dos eleitores republicanos do restante dos Estados Unidos, além de colocá-lo como figura central da política nacional. Ele foi reeleito em 2022 com uma porcentagem próxima de 60% dos votos, sinal de sua popularidade no estado, ao mesmo tempo que a Disney desiste de investimentos bilionários por causa dessa suposta “perseguição e a Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP), uma das principais organizações que lutam contra a discriminação nos Estados Unidos, classificou a Flórida como um ambiente “ativamente hostil” para minorias, em razão das recentes políticas que atingem diversos grupos. Logo, qual será o destino do governador e de suas políticas, visto que agora se tornou oficialmente candidato para a Casa Branca? Só o tempo dirá se os Estados Unidos se tornarão o país onde a “cultura woke” vai para morrer.

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