Nos últimos dias, o governo Trump recuou e decidiu retomar o pagamento de advogados para crianças migrantes desacompanhadas nos Estados Unidos, atendendo a uma ordem judicial emitida pela juíza federal Araceli Martínez-Olguin, da Califórnia. Essa assistência jurídica havia sido suspensa em março, o que deixou milhares de crianças — muitas delas vítimas de tráfico humano — sem apoio para enfrentar processos de deportação. A suspensão abrupta forçou organizações a demitir funcionários e abandonar casos em andamento, gerando uma reação imediata de grupos de direitos humanos que recorreram à Justiça.
Segundo a NBC News, apesar de o governo ter finalmente assinado um contrato modificado com o Acacia Center for Justice, que coordena mais de 100 grupos para atender cerca de 26 mil crianças, o financiamento permanece incerto. Isso porque uma nova proposta legislativa apresentada por republicanos na Câmara ameaça eliminar esses recursos no próximo orçamento federal. A proposta, segundo advogados e organizações de defesa, não só corta a verba histórica destinada a custear os advogados das crianças desde 2009, como ainda impõe taxas pesadas sobre elas e suas famílias, incluindo US$ 5.000 para atravessar legalmente a fronteira e até US$ 8.500 para formalizar patrocínios.
Especialistas da área de imigração e combate ao tráfico alertam que essa mudança teria consequências devastadoras.
Enquanto isso, a Casa Branca, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos e o Comitê Judiciário da Câmara permanecem em silêncio público sobre o tema, sem responder aos pedidos de comentários, apontou a NBC. O debate agora se volta ao Congresso, onde o futuro das crianças migrantes desacompanhadas nos EUA está pendurado na balança legislativa.